NÃO ME DÊS COISAS
Não me dês coisas, não? Vê bem, não vale a pena
Sorrir-te, agradecer, guardar numa gaveta
Pois nada levarei… A vida é uma roleta
Tão ilusória, tão incerta e tão pequena!
Não me dês coisas… Dá-me só uma açucena,
Um braço que me ampare e sirva de muleta,
Um sorrir bom, uma palavra ou cançoneta
De adormecer meninos, numa voz serena…
Não, não me dês coisas. Eu quero simplesmente
Um pouquinho de afecto… É que ando tão carente
Do brilho dos teus olhos, do teu riso antigo!
Um chegar de surpresa, um beijo de improviso,
Um pouco de atenção… É tudo o que preciso
Para partir feliz, e p’ra levar comigo.
Maria Ramajal Jorge
in “Na Flor da Velha Idade”
lido por Leonor Reis
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