MANIFESTO
CONTRA A ESCUMALHA
Batei
palmas magarefes
ride
muito, carroceiros
escribas
desempregados
falsários
de papel-moeda
e outros
azeiteiros.
Batei
palmas ao poema
que hoje
é o vosso dia
o dia
dos sifilíticos, os de cú pró ar
que se
urinam e que clamam
alarvemente
nas ruas.
Batei
palmas por este dia
babai-vos
na raiva que trazeis desde o berço.
Aliviai
a cachola oh! vermes
batei os
tamancos no chão
com os
vossos colegas monitores
telefonadores
inveterados
dos
vossos vinte telemóveis
do
último modelo da vigarice
Cuspi
para o chão sem vergonha
condutores
embriagados
corroídos
pela sida
que
fazeis tudo em contramão
(que até
o que fazeis às escuras
com a
criada do patrão)…
Sim!
Escancarai a goela
desdentados
da carne de corvo
mostrai
o horror das vossas vidas
de
enfermos adiados
por
falta de leitura e instrução
que é
esse o destino de governantes bandidos
pelo
poder do “móni” às mãos cheias.
Para que
os honestos
não
possam sequer manifestar-se…
para que
os tímidos,
os que
nunca praguejaram,
os que
cedem o lugar no autocarro,
os que
não se embebedam com whisky
que
respeitam a sua vez e a vez dos outros
nas
filas mortais da Segurança Social.
Os que
nunca vão à igreja comerciante
onde os
casamentos e batizados
são vendidos
a preço de ouro
pelo
vendilhão-padre de serviço.
Os que,
em suas casas, não põem
a Rádio
mais alta que o normal
porque
são bons vizinhos
e
conduzem com toda a segurança
e quando
bebem chá não põem demasiado açúcar,
não
falam da vida alheia,
não
subornam nem são subornados,
não se
comprometem com a ignorância
nem com
a caridade lucrativa
ou com a
bondade de circunstância.
Todos
esses que desprezais
com um
encolher de ombros,
mas que existem
na sua dignidade
vão
tirar-vos o sono com o seu exemplo
para um
dia vos arrependerdes
se for
possível ainda…
Oh! alarves
da comida mais barata
dos
mercados da má qualidade
Oh! calhaus
brutos da iliteracia
Oh! incapazes
de amor e ternura
da
dádiva de carinho, matriculados
na
prisão e não na Escola
inscritos
no Aljube da sacanagem
mentirosos
de profissão e por preguiça…
Hoje, é
o vosso dia
o dia do
escárnio e do vómito.
Convosco
virão os falsos poetas
que só
querem dar nas vistas,
os do
pouco ler e compreender
para
assimilar a língua portuguesa.
Convosco
virão de braço dado
os donos
dos lupanares a contar
os maços
de notas do seu comércio infame.
Convosco
chegarão os gravatas de seda
escritores
de “capela”
com
dúzias de imbecis da Televisão saloia.
Capelas
e capelinhas onde são guisados
os
prémios literários e as menções honrosas.
Pendurados
nos seus prémios e medalhas
com as
janelas fechadas a cadeado
para lá
não entrar a poesia de autor
porque
esses tais premiados
eram
sobrinhos ou afilhados
de
algum Doutor, Juiz ou Bispo
alfaiate
do Rei.
Convosco
chegarão as bailarinas gordas
a
dançarem em pontas, com as suas banhas
com a
morgadinha dos canaviais
ou a outra
da cova da iria
e dos
três pastorinhos…
Oh! Sim,
oh! mastodontes dos Cafés mais chiques
com os
vossos filhotes de laço
e flor de
laranjeira
num chão
de detritos e receitas de cozinha.
Hoje é o
vosso dia de Carnaval foleiro
da Ceia
dos Cardeais do Júlio Dantas
e do
discurso do António Ferro (forjado)…
convosco
estarão as “grandes” cantoras
do
cançonetismo nacional-rançoso
de olhos
felinos e decotes parabólicos
como a
Ágata, Rute Marlene e outras do mesmo nível.
Todas
falsas como judas
com seus
estúpidos amantes,
penteados
na última moda e comentadores de futebol
que vêm
de Lisboa, de propósito, para relatarem um jogo
entre
equipas do Norte. CHORAI sanguessugas que hoje é
o vosso
dia e eu venho de preto ao vosso funeral!!!
Fernando
Morais
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