quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

MANIFESTO CONTRA A ESCUMALHA


MANIFESTO CONTRA A ESCUMALHA

Batei palmas magarefes
ride muito, carroceiros
escribas desempregados
falsários de papel-moeda
e outros azeiteiros.

Batei palmas ao poema
que hoje é o vosso dia
o dia dos sifilíticos, os de cú pró ar
que se urinam e que clamam
alarvemente nas ruas.
Batei palmas por este dia
babai-vos na raiva que trazeis desde o berço.
Aliviai a cachola oh! vermes
batei os tamancos no chão
com os vossos colegas monitores
telefonadores inveterados
dos vossos vinte telemóveis
do último modelo da vigarice

Cuspi para o chão sem vergonha
condutores embriagados
corroídos pela sida
que fazeis tudo em contramão
(que até o que fazeis às escuras
com a criada do patrão)…

Sim! Escancarai a goela
desdentados da carne de corvo
mostrai o horror das vossas vidas
de enfermos adiados
por falta de leitura e instrução
que é esse o destino de governantes bandidos
pelo poder do “móni” às mãos cheias.

Para que os honestos
não possam sequer manifestar-se…
para que os tímidos,
os que nunca praguejaram,
os que cedem o lugar no autocarro,
os que não se embebedam com whisky
que respeitam a sua vez e a vez dos outros
nas filas mortais da Segurança Social.
Os que nunca vão à igreja comerciante
onde os casamentos e batizados
são vendidos a preço de ouro
pelo vendilhão-padre de serviço.
Os que, em suas casas, não põem
a Rádio mais alta que o normal
porque são bons vizinhos
e conduzem com toda a segurança
e quando bebem chá não põem demasiado açúcar,
não falam da vida alheia,
não subornam nem são subornados,
não se comprometem com a ignorância
nem com a caridade lucrativa
ou com a bondade de circunstância.

Todos esses que desprezais
com um encolher de ombros,
mas que existem na sua dignidade
vão tirar-vos o sono com o seu exemplo
para um dia vos arrependerdes
se for possível ainda…

Oh! alarves da comida mais barata
dos mercados da má qualidade
Oh! calhaus brutos da iliteracia
Oh! incapazes de amor e ternura
da dádiva de carinho, matriculados
na prisão e não na Escola
inscritos no Aljube da sacanagem
mentirosos de profissão e por preguiça…

Hoje, é o vosso dia
o dia do escárnio e do vómito.
Convosco virão os falsos poetas
que só querem dar nas vistas,
os do pouco ler e compreender
para assimilar a língua portuguesa.

Convosco virão de braço dado
os donos dos lupanares a contar
os maços de notas do seu comércio infame.
Convosco chegarão os gravatas de seda
escritores de “capela”
com dúzias de imbecis da Televisão saloia.
Capelas e capelinhas onde são guisados
os prémios literários e as menções honrosas.

Pendurados nos seus prémios e medalhas
com as janelas fechadas a cadeado
para lá não entrar a poesia de autor
porque esses tais premiados
eram sobrinhos ou afilhados
de algum  Doutor, Juiz ou Bispo
alfaiate do Rei.

Convosco chegarão as bailarinas gordas
a dançarem em pontas, com as suas banhas
com a morgadinha dos canaviais
ou a outra da cova da iria
e dos três pastorinhos…
Oh! Sim, oh! mastodontes dos Cafés mais chiques
com os vossos filhotes de laço
e flor de laranjeira
num chão de detritos e receitas de cozinha.

Hoje é o vosso dia de Carnaval foleiro
da Ceia dos Cardeais do Júlio Dantas
e do discurso do António Ferro (forjado)…
convosco estarão as “grandes” cantoras
do cançonetismo nacional-rançoso
de olhos felinos e decotes parabólicos
como a Ágata, Rute Marlene e outras do mesmo nível.
Todas falsas como judas
com seus estúpidos amantes,
penteados na última moda e comentadores de futebol
que vêm de Lisboa, de propósito, para relatarem um jogo
entre equipas do Norte. CHORAI sanguessugas que hoje é
o vosso dia e eu venho de preto ao vosso funeral!!!

                                                 Fernando Morais

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