ANEL
QUEBRADO
A vida
não tem portas nem janelas…
por isso
vos enganais no jogo vão
de lhe
querer dar limites.
Ouve,
ouve em ti o grande apelo
da tua
própria vida que resiste
ao voto
de a fechares num já previsto
anel de
ininterruptos regressos.
Aniquila
a vão preserverança
na
resignação.
Cala
essa voz cobarde que te pede
só
descanso.
Vai por
aí fora, e deixa vir
sobre ti
o vendaval do inesperado!
Deixa
gritar as vozes da quimera,
deixa
clamar o apelo da loucura!
E vai!
Vai até onde
a tua
força vá. Segue-te,
não
sigas as insinuações da cobardia.
És
sangue e nervos e vontade e audácia!
Cumpre-te.
Vai como
as nuvens ou a vaga,
com a
seta ou o rio ou a chama…
Mais vai
contigo!
Adolfo
Casais Monteiro
in “Poesias Completas”
lido
por Helena Dinis
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