A MINHA
JANELA
A minha janela não é bem uma janela
caixilharia, vidro e reflexo de luz e sombra;
a minha janela abarca o mundo, o rio, a cidade e… de repente,
dá-se ares de gente pondo-se a pensar: quem me dera ter um sonho,
plantar nenúfares no soalho da casa, colher cravos nas mãos,
soletrar rimas, ser clave e som de guitarra…
É verdade, minha janela é muito especial;
quando neva, coisa que aqui não acontece, ela ri e chora
como criança e faz-se farrapo e vapor húmido a enrolar a trança;
depois se chove, minha janela cora de vergonha porque na vidraça
ela somente vê quem passa a querer namorar com ela.
Minha janela não é somente uma janela,
como muita mulher cobiça a elegância nos corpos das garças
a alegria nas asas dos pássaros recortados na tarde
e a leveza nos passos miúdos dos pardais, então, enternece-se
e feliz envolta na bruma esfrega os olhos de vidro despedindo-se da noite
com sorrisos travessos de mulher de rua.
A minha janela não é bem uma janela
caixilharia, vidro e reflexo de luz e sombra;
a minha janela abarca o mundo, o rio, a cidade e… de repente,
dá-se ares de gente pondo-se a pensar: quem me dera ter um sonho,
plantar nenúfares no soalho da casa, colher cravos nas mãos,
soletrar rimas, ser clave e som de guitarra…
É verdade, minha janela é muito especial;
quando neva, coisa que aqui não acontece, ela ri e chora
como criança e faz-se farrapo e vapor húmido a enrolar a trança;
depois se chove, minha janela cora de vergonha porque na vidraça
ela somente vê quem passa a querer namorar com ela.
Minha janela não é somente uma janela,
como muita mulher cobiça a elegância nos corpos das garças
a alegria nas asas dos pássaros recortados na tarde
e a leveza nos passos miúdos dos pardais, então, enternece-se
e feliz envolta na bruma esfrega os olhos de vidro despedindo-se da noite
com sorrisos travessos de mulher de rua.
A minha janela é feminina e muito mulher
de larguras e amplidões tais que pela cintura tudo abarca: chuvas,
sois, luares e o rio sonolento a terminar o verão;
e não sendo uma qualquer mas sim uma janela sentimental
enrolada em desejos bem disfarçados, a minha janela,
é assim, como direi, atrevida, gaiata:
chama pelo sol logo de manhãzinha
e com ele se deita na cama, e no vale dos lençóis de tecido
e de fogo rolam em ternuras desmedidas como que brincando às escondidas…
A minha janela é um mundo de água, é um cardume de peixes
logrando o anzol, e na sua grandeza muito convencida,
a minha janela até diz já estar noiva do sol.
A minha janela, vidro, caixilharia, luz e sombra
não
sendo bem uma janela, é como eu: corpo, alma e inquietude;
Mas é muito mais feliz, nela nada fica no registo da vidraça,
Mas é muito mais feliz, nela nada fica no registo da vidraça,
porque
logo que o pano passa, a janela é somente janela,
uma coisa serena e estática.
Bernardete
Costa
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