sexta-feira, 27 de setembro de 2013

um dia



um dia
livre pela única verdade
voarei como as aves
ao encontro do anil do céu.
cortarei o espaço
e serei
uma minúscula partícula do átomo.
levarei o sonho do meu sonho
em minhas asas quebradas
como aquela ave
atingida pelo tiro certeiro
do caçador furtivo
que sangra a música da Natureza.
deixarei a precária luz da terra
esse frágil abraço do sol
insuficiente para derreter
gelo sobre gelo.
repartirei com elas
o primeiro sopro
do amanhecer no Infinito.
depois…
depois só as estrelas e o luar
falarão dentro do silêncio:
- que o mistério mora no sonho das aves.

Teresa Gonçalves
in “Pleno Verbo”
lido por Idiema

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