terça-feira, 11 de dezembro de 2012

LAU e TEL de Pin (1)

 
LAU e TEL de Pin (1)
 
Passeia nos meus sonhos um riacho
de gulosos fulgores verdes e azuis
um riacho que vai dar à fonte
cujo vestido é de grinalda em flor
 
O riacho estremece num corropio lau
a fonte vestida de margaridas pin
o dia enfeitado de nuvens brancas
e a música tem graves sons de tel
 
O lau de tel faz pin de espalhafato
na palma da mão enfeitiçado rio
de madrugada aspiro o ar da noite
e depois tusso devagarinho ao frio
 
Passeia nos meus sonhos um ribeiro
que perpassa nas raízes centenárias
duma araucária de globos e de lau
no piano de cauda traz o rabo ao léu.
 
 
(parte 2)
 
A noite de Gaia é uma esquisita forma de roer
a última nota musical da rebeldia
faz de conta que é lau não sendo tel
faz de conta que a noite foi de dia
 
Ao léu de lau o frio que arrepia
é pin sem mais ninguém que o diga
que tel de tal semeia em campo ocre
e não colhe sequer uma espiga
 
A noite de Gaia é uma intrusa tensa
com rendas de liceal às tantas da manhã
quando tudo acorda é que ela se deita
num campo de chita cortinados pin
 
E dorme. A meio do sono faz chichi no pote
o chichi faz lau enquanto pinga
e a pinga escapa-se-lhe a trote
na frincha do soalho que é de pin.
 
Fernando Morais
 

Sem comentários:

Enviar um comentário