LERAM-ME
hoje S. Francisco de Assis.
Leram-me
e pasmei.
Como é
que um homem que gostava tanto das cousas
Nunca
olhava para elas, não sabia o que elas eram?
Para que
hei-de chamar minha irmã à àgua, se ela não é minha irmã?
Para a
sentir melhor?
Sinto-a
melhor bebendo-a do que chamando-lhe qualquer cousa –
Irmã, ou
mãe, ou filha.
A água é
a água e é bela por isso.
Se eu
lhe chamar minha irmã,
Ao
chamar-lhe minha irmã, vejo que o não é
E que se
ela é a água o melhor é chamar-lhe água;
Ou,
melhor ainda, não lhe chamar cousa nenhuma,
Mas
bebê-la, senti-la nos pulsos, olhar para ela
E tudo
isto sem nome nenhum.
Alberto
Caeiro (Fernando Pessoa)
lido
por Eduardo Roseira
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