PÉTALAS QUE ABRIL ABRIU!
foi-se o março…veio abril
em canto de madrugada
para acordar uma noite
com décadas de escuridão
calçou bota cardada,
pintou as pétalas de rubro
e foi cantiga fora
ao encontro das lágrimas duma nação
foi-se abril sem aflição
e veio o maio
e o rubro do meu trabalho
ficou mais vivo
e sem desmaio
ganhou cor,
ganhou força
e ganhou o sorriso
de um povo de cravo na mão
foi-se o maio,
veio o setembro
e se bem me lembro
das pétalas da minha canção
metade ficaram no chão
foi-se o setembro…
foi-se o maio…
foi-se abril
e de novo regressou o março
feito de sombra e d´escuridão
e as pétalas da minha canção
murcharam todas de vez
talvez
numa outra madrugada
eu volte a cantar
e em voz crispada
feita de raiva na mão
e boca no pão
não cantarei
vila morena,
mas sim, uma brava canção
para que as vozes de março
que calam abril
sintam o
rubro do cravo
e do cante de grândola
colham merecida lição
então,
as pétalas de abril de novo abrirão
e nelas escreverei uma nova canção!
Angelino Silva
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