quarta-feira, 22 de maio de 2013

O EXÍLIO DA CORAGEM



O EXÍLIO DA CORAGEM

Maria solteira
sozinha no quarto
foi ela a parteira
do seu próprio parto.

Bateram portas ao passar.
Ninguém lhe estendeu a mão.
E ela teve um silêncio de luar
derramado no chão.

Foi longe, muito longe na paisagem,
inacessível como as neves eternas,
natural como um pássaro selvagem,
pura como a água das cisternas.

E nunca mais voltou Maria solteira
que entre as quatro paredes de um quarto
cerrou os dentes e foi a parteira
do seu próprio parto.

Sidónio Muralha
lido por Lourdes dos Anjos

Sem comentários:

Enviar um comentário