sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

MELANCOLIA NOTURNA NUM LUAR DE LISBOA



MELANCOLIA NOTURNA NUM LUAR DE LISBOA

Antes e longe
a vinha vestiu a paisagem de verde e cobre.

Ébria e cálida era a noite em que o vinho ao luar despiu o vagabundo numa praça da cidade.

Enquanto as mamas urbanas pombas dormiam, um marinheiro americano, nauseado de oceanos, pôs um barco de papel
a navegar num lado do Rossio.
Depois,
numa contemplação cambaleante, acendeu um cigarro,
desabotoou a breguilha, mijou no empedrado e disse:

«I’m drunk, I’m drunk!»

Maximiliano do México, que assistia a tudo isto
do alto do pedestal de Pedra Quarto,
num grande bocejo adormeceu.

Abdul Cadre
in “Relógio de Bolso”
lido por Eduardo Roseira

Sem comentários:

Enviar um comentário