MELANCOLIA NOTURNA NUM LUAR DE LISBOA
Antes e longe
a vinha vestiu a paisagem de verde e cobre.
Ébria e cálida era a noite em que o vinho ao luar despiu o
vagabundo numa praça da cidade.
Enquanto as mamas urbanas pombas dormiam, um marinheiro
americano, nauseado de oceanos, pôs um barco de papel
a navegar num lado do Rossio.
Depois,
numa contemplação cambaleante, acendeu um cigarro,
desabotoou a breguilha, mijou no empedrado e disse:
«I’m drunk, I’m
drunk!»
Maximiliano do México, que assistia a tudo isto
do alto do pedestal de Pedra Quarto,
num grande bocejo adormeceu.
Abdul Cadre
in “Relógio de
Bolso”
lido por Eduardo Roseira
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