terça-feira, 11 de dezembro de 2012

MALHADORES

 
MALHADORES
 
Toda a tarde ouvi manguais,
Bater no chão da eira,
Fazendo saltar o grão
E uma nuvem de poeira…
 
Os homens exsudando,
Sob o Sol escaldante,
Espalham o grão,
Numa alegria contagiante!
 
Ao fim da tarde, soltam o brado:
- Já malhou! Já malhou!
E o eco responde pelas quebradas…
O seu grito é tão forte,
Que se ouve à distância…
 
As mulheres afadigam-se, então.
Pegando nos crivos apanham o grão.
Erguem-nos ao céu
E na aragem que se levanta,
Caem as palhas
E o centeio fica nas malhas.
 
Outras na eira pegam nos engaços
Juntam a palha, em molhos,
Que os homens ajudam a apertar
E nos carros de bois,
Os vão empilhar!
 
Ao escurecer, pelos caminhos,
Arrastam-se os carros e os ancinhos.
O chiar dos eixos enche o ar,
De alegre música e belo cantar!
 
E na poesia, do fim do dia,
A minha alma fica a sonhar…
Um leve aperto no coração,
A lida é finda, mas para mim não!
 
Irene Costa
in “Teia de Afectos”

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