E a Vida foi, e é assim, e não
melhora.
Esforço inútil. Tudo é ilusão.
Quantos não cismam nisso mesmo a
esta hora
Com uma taça, ou um punhal na mão!
Mas a Arte, o Lar, um filho,
António? Embora!
Quimeras, sonhos, bolas de sabão.
E a tortura do Além e quem lá mora!
Isso é, talvez, minha única
aflição.
Toda a dor pode suportar-se, toda!
Mesmo a da noiva morta em plena
boda,
Que por mortalha leva... essa que
traz.
Mas uma não: é a dor do pensamento!
Ai quem me dera entrar nesse
convento
Que há além da Morte e que se chama
A Paz!
António
Nobre
in “Rosa do Mundo – 2001 Poemas para o
Futuro”
lido
por Goreti Dias
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