quarta-feira, 23 de outubro de 2013

MOINHO


MOINHO

A pedra do moinho,
Vai moendo devagar,
Mói tristeza e alegria,
Mói o tempo a passar…

Ao moer o milho loiro,
Ao quanto sonho d’oiro
Desfaz no lento cismar.

Os meus castelos de areia,
Construídos na maré-cheia,
Foram nas ondas do mar.
E a mó sempre a moer…

Minha mocidade moeu,
Amor, tapou com um véu.
Olhando as mãos vazias,
Murmurei fervorosa prece,
Que há-de chegar ao céu!

Maria Irene Costa
in “O livro da Nena”

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