A MORTE…!
Até há pouco chegava-nos
lenta.
Vinha em bico de pés,
vestia fato e gravata,
deslocava-se em topo de gama,
mas vinha lenta, soft,
envergonhada,
como que a pedir desculpa:
Chegava-nos em prestações
suaves.
Hoje, chega-nos virulenta.
Anuncia-se com ar sério e
grave,
veste-se de fato sem gravata
e amortalha-se de rigor
cientifico
e sufoca-nos até ao estertor
final
e não admite opções de
alternância.
Também nos chega em topo de
gama,
mas em maior quantidade,
porque maior é o numero de
assassinos:
Pretendem um processo rápido,
silencioso e sem ondas de
contestação,
porque é do futuro que se
trata
e o futuro é já amanhã e não
se pode adiar;
O tempo urge e o amanhã leva
atraso,
afirmam os profissionais do
crime!
Dantes, quando precocemente
chegava,
anunciava-se em (m)agrura de
tísico,
somando grão ao grão,
partícula à partícula,
num sufoco lento, asfixiante e
penoso,
até que o pó nos chupava os
pulmões.
Os assassinos do antanho
tinham alma caridosa,
e antes do golpe final,
proporcionavam aos mortos-vivos
uma última estadia com vista
sobre a serra
entre os ares do caramulo e os
ares da estrela!
Era de pureza, a sentença de
morte.
O tempo era outro e os
assassinos amadores!
São profissionais, os
assassinos d´agora:
têm staff, banco, casa forte,
tempo de antena permanente e
papagaios…
ah… e têm guarda-costas e
tropa de choque,
porque o tempo urge
e o dia de amanhã é hoje,
porque é do futuro que se
trata,
esclarecem os profissionais do
crime;
Malabaristas, constroem
máquinas de sorriso,
entregam o guião ao papagaio
de serviço,
e com masoquismo executam o
crime perfeito:
asfixiam a vitima até à
penúria
e de vilões passam a heróis
e como recompensa,
é a própria vitima que lhes
paga o serviço.
Sorridentes,
sobem ao palco da mesura,
recebem os óscares e regressam
ufanos
pela vénia cumprida,
cientes do crime que esmaga o
sorriso de um povo.
O argumento é forte: Porque o
tempo urge,
a economia geme e os mercados
desconfiam,
não há segunda opção, afirmam
e exibem até à náusea, até ao
vómito,
as receitas e números de
malabarismo
na tentativa de convencer
que o sofrimento de hoje é o
sorriso de amanhã.
Nesta receita,
os mafiosos massacram o peão
de brega
e deixam intocável a loja
nostra e seus padrinhos.
São profissionais, os
assassinos d´agora:
Vêm do ócio e vivem da
ociosidade
e têm na cabeça um pote de
merda,
a mesma que espalham quando
abrem a boca,
e inundam o mundo de ar
pestilento e de desgraça.
São filhos da mãe, os
criminosos de hoje,
paridos por mães imaculadas,
tão imaculadas como a minha,
que estupefactas, coram de
vergonha
perante as aberrações que
puseram no mundo.
Quanto a mim, a opção é clara:
Não balanço entre a morte e a
luta,
porque destes filhos da mãe,
antes da morte, prefiro a luta
e quando os derrubar da
cadeira,
saltarei para a rua
e desta vez eu, ele e tu
em vez de cravos, levaremos
espinhos
e nos sorrisos dos criminosos
faremos voodoo.
Angelino Santos Silva
esclarecem os profissionais do crime;
ResponderEliminarMalabaristas, constroem máquinas de sorriso,
entregam o guião ao papagaio de serviço,Lindo e com imaginação em vez de cravos,levamos espinhos lindo .