O
PROGRESSO
Nasceu
ali uma casa
que se
pôs logo a crescer
por não
ter a luz que queria.
É que
havia,
mesmo em
frente.
outra
casa já velhota
onde
habitava outra gente
com
outra forma de ser.
Subiu
três ou quatro andares,
orgulhosa,
e pôs-se
a mirar lá de cima
a
paisagem em redor
que lhe
pareceu acanhada,
pequenina,
indigna
da sua altura,
do seu
ar desempoeirado
e
superior.
Muitas
pessoas vieram
e
trouxeram
uma nova
linguagem:
ninguém
lhes falasse em casa
ou
moradia,
mas em
andar,
que era
aí que elas moravam,
e de
alto olhavam,
e se
sentiam
muito
mais perto do céu.
Mas ao
lado,
um outro
prédio nasceu
e
cresceu mais…
ainda
mais.
E outro
e mais outro surgiram
em
desenfreada competição.
E o
bairro
- assim
se chamava agora –
continuou
a inchar
por fora…
… e por
dentro,
que os
carros também chegaram
e
ocuparam
o que
ainda era lugar.
Minúscula
e envergonhada,
a
casinha que assombrava
a alta
casa em construção
nem se
vê, hoje em dia,
que até
encolheu.
E o gato
que nela havia
e corria
rua fora
passa
agora a tarde inteira
na
janela
no lugar
da sardinheira
que
entretanto secou.
O menino
que a regava
também
cresceu
e teve
que sair dali.
Emigrou!
Miguel
Leitão
1 de
Julho de 2013
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