Não minha
mãe. Não era ali que estava.
Talvez noutra gaveta. Noutro quarto.
Talvez dentro de mim que me apertava
contra as paredes do teu sexo-parto.
Talvez noutra gaveta. Noutro quarto.
Talvez dentro de mim que me apertava
contra as paredes do teu sexo-parto.
A porta
que entretanto atravessava
talhada no teu ventre de alabastro
abria-se fechava dilatava.
Agora sei: dali nunca mais parto.
talhada no teu ventre de alabastro
abria-se fechava dilatava.
Agora sei: dali nunca mais parto.
Não
minha mãe. Também não era a sala
nem nenhum dos retratos de família
nem a brisa que a vida já não tem.
nem nenhum dos retratos de família
nem a brisa que a vida já não tem.
Talvez a
tua voz que ainda me fala…
… o meu berço enfeitado a buganvília…
Tenho tantas saudades, minha mãe!
… o meu berço enfeitado a buganvília…
Tenho tantas saudades, minha mãe!
Ary
dos Santos
in: “Mário Soares - Os poemas da minha
vida”
lido
por Maria Antónia Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário