quinta-feira, 21 de março de 2013

GRITEI, ALCEI A VOZ


GRITEI, ALCEI A VOZ

Gritei, alcei a voz
E ergui infindos vendavais
Que soturnos e infaustos
Erguiam suas rubras asas
Seus troféus maculados
Sobre o esquálido despovoado
Sobre a inextinta aridez humana

Gritei alçando a voz
Mas era o silêncio
Intocado, inerte, inexausto
Que implacável me olhava
Na sua fixidez
Na sua impenetrável virilidade
Na sua inviolável rigidez…

E eu gritei alçando minha voz
Mas de tudo ficava apenas
Um eco que soletrava
Esmaiado em sua dilacerante mudez
Um eco que se esbatia
Contra o branco umbroso, contra fenestras
E contra tanta robustez

E eu alcei a voz moribunda
E vi na aridez de toda a aridez
Que outras vozes também
Sim também elas outras vezes
Haviam gritado em sua voz
Na negação de toda
A solícita pequenez.

Acilda Almeida

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