VENTANIA
A
invernosa ventania bate, com fúria
No toldo
do café e verga os corpos
No
passeio buscando abrigo
Ao som
das velas enfunadas
Pela
raivosa natureza que tolhe as carnes frias.
Avança o
tempo, tempo da madrugada…
Mas só
fica a melancolia da rajada
Que nos
leva sem vida para a cova fria.
Que me
trás o vento no toldo da esplanada
Se
curioso fico quando se esvazia?...
O tlim,
tlim dos cabos nos brandais,
Som
húmido que acompanha as velas e os estais
Que
levam navegautas a portos derradeiros
Para
escapar à invernosa ventania.
Agora já
não contemplo as profecias,
Vivi
este presente num passado já distante
Em águas
azuis, douradas ao poente sol e
Nos
vermelhos para lá do horizonte.
Assim encanta-me
o viver neste monte de idade,
Esquecendo
a fúria do vendaval.
Ao
procurar no leme a roda da alegria,
Por não
ser já participante em causas nobres,
Ao som
das vagas no costado, as velas
Levaram-me
já para abrigo sem destino
Onde
procuro ser menino…
Tu,
irmão, faz uso da fúria e da ventania
Porque na
melancólica rajada terás o fim daqueles
Que te
querem pequenino…
O toldo
da esplanada amainou.
Não
sinto o som, não oiço nada da invernosa ventania.
Por ser
verdade que há outros mares planetários,
Outras
vidas, outros ais, releva-me o direito
De tudo
não ter feito…
Será que
me aceitas?.
Luís Pedro
Viana
19 de
Janeiro de 2013-01-23
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