PALESTINA
Não
há sol nos céus da Palestina não há luz nos olhos da
Palestina
roubaram o sorriso à Palestina
São de
sangue as gotas de orvalho da madrugada e o vento
só é
vento quando as balas assobiam roubaram as manhãs à Palestina
O céu de
chumbo esmaga as almas e os ossos e é de lágrimas
a chuva
quando cai não há sol nos céus da Palestina
Do
ventre da lua cheia de aço e de amargura nasce a cada
hora um
menino com bombas à cintura mataram a infância na Palestina
Rasgam
as mães os seios com arroubos de ternura para
alimentar
a raiva por cada filho que perdem outro nasce da
sepultura
semearam a dor na Palestina
Nas
casas esventradas rompem por entre as pedras leitos de
sofrimento
onde à noite se acoitam os amantes queimando a
dor na
paixão de um momento fizeram em pedaços o amor na Palestina
Cada
instante é uma vida na vida da Palestina cada
momento
uma taça de vingança clandestina cada gesto um
vulcão
de raiva que nem a morte amansa roubaram a paz à Palestina
Na
sombra do dia ou na calada da noite cravam os vampiros
nazis
seus dentes de ferro no coração da Palestina não há
sangue
que farte a fúria assassina sangraram cobardemente a Palestina
Para
atirar contra os tanques uma pedra agiganta-se o
ódio a
cada bater do coração por não haver sangue de tanto
sangue
vertido outra força não há para erguer a mão… e dar
à
Palestina algum sentido
Adão
Cruz
in
“Vai o Rio no Estuário”
lido
por Alzira Santos
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