quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

PALESTINA

 
PALESTINA
 
Não há sol nos céus da Palestina não há luz nos olhos da
Palestina roubaram o sorriso à Palestina
 
São de sangue as gotas de orvalho da madrugada e o vento
só é vento quando as balas assobiam roubaram as manhãs à Palestina
 
O céu de chumbo esmaga as almas e os ossos e é de lágrimas
a chuva quando cai não há sol nos céus da Palestina
 
Do ventre da lua cheia de aço e de amargura nasce a cada
hora um menino com bombas à cintura mataram a infância na Palestina
 
Rasgam as mães os seios com arroubos de ternura para
alimentar a raiva por cada filho que perdem outro nasce da
sepultura semearam a dor na Palestina
 
Nas casas esventradas rompem por entre as pedras leitos de
sofrimento onde à noite se acoitam os amantes queimando a
dor na paixão de um momento fizeram em pedaços o amor na Palestina
 
Cada instante é uma vida na vida da Palestina cada
momento uma taça de vingança clandestina cada gesto um
vulcão de raiva que nem a morte amansa roubaram a paz à Palestina
 
Na sombra do dia ou na calada da noite cravam os vampiros
nazis seus dentes de ferro no coração da Palestina não há
sangue que farte a fúria assassina sangraram cobardemente a Palestina
 
Para atirar contra os tanques uma pedra agiganta-se o
ódio a cada bater do coração por não haver sangue de tanto
sangue vertido outra força não há para erguer a mão… e dar
à Palestina algum sentido
 
Adão Cruz
in “Vai o Rio no Estuário”
lido por Alzira Santos

Sem comentários:

Enviar um comentário