OBSCURO
ARDIL
A obscuridade,
mantem-se ardilosa
no
expressivo horto, da sólida bruma
tatuando
nas asas duma mariposa
o
efémero abismo de coisa nenhuma.
Da
paisagem dum corpo, quase imperceptível
gotículas
de luz escorrem do nada
e na
etérea vertigem do irrepetível
jaz a
nau dos sonhos, ali encalhada.
E na
inquietude, da tranquilidade
apenas
suspensa por um fio invisível
transpõe-se
a bucólica raiz da saudade
na
intensa metáfora que cobre o tangível
Anfiteatro
de sombras submersas
que
falam por gestos, na mudez do chão
formas
longilíneas, amplas e dispersas
em
lápides descerradas pela solidão.
E os
corpos celestes, do longe vigiam
este notívago
e denso ritual
onde as dores
anónimas, se refugiam
nesse
ardil obscuro e universal.
Kim
Berlusa
in “I Antologia Poética – Indivisíveis Emoções”
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