NÃO
TENHAS MEDO DA FORÇA DO VENTO
Vem
assim devagarinho!
Não
tenhas medo da força do vento
que vai
e vem no corpo das vagas…
Pousa a
tua cabeça sobre o meu peito
e ouve
comigo o arfar do vento que me plangente ária
conta a
força das marés que encantam nosso estar…
Sente,
sente devagarinho como tudo gira
no
brilho das coisas por nomear.
Sente o
brilho de tudo que mostra rubor no seu ousar…
Vê como
os gerânios se povoam de cheiros
que se
evolam na imensidão do estar,
vê como
a hortênsia colhe à exaustão
o brilho
multicolor que tece seu encantar
e a
videira se enlaça no louro em seu sedutor baloiçar…
Vem
assim devagarinho!
Que
importa se a luz é brumosa
se a
bonina se perdeu em seu espraiar
se a
giesta se perdeu em seu vertical estar
se a
acácia se rendeu também de tanto ansiar.
A vida é
muito mais que o clamor do vento
que
sopra em seu sinistro assobiar
é muito
mais que o desamparo
que por
vezes corta ao amor seu breve assomar…
Por isso
vem assim devagarinho
e ouve
comigo apenas o ciciar do mar…
Cobre-me
com teus beijos e desta vez
nada
temas que saberei amar
mesmo
que a Primavera seja apenas bruma
mesmo
que a acácia, a hortênsia e os gerânios
percam o
seu doce perfumar.
Acilda
Almeida
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