quinta-feira, 21 de novembro de 2013

HOMEM SÓ



HOMEM SÓ

Homem só, onde nasceste?
Eles, pensam que foi na solidão;
Eu, sinceramente, penso que não.
Foi um acto heroico
Que não pudeste recusar.
Tu que descobres as ciências
E fazes andar o mundo,
Que descobres o que te faz bem
E o que te faz mal,
Não vês que toda essa merda te destrói?!
És um homem só
Que garante a espécie
Só para poder dominar.
Homem só que
Envergonhas a cidade onde vives
Com o campo onde nasceste.
E gozas, e aprecias as ruas iluminadas
Enquanto vagueias por sítios ermos.
Todo esse castigo te saiu da mente,
Toda a verdade sempre te enganou;
Olhaste para o lado
E viste uma grande multidão,
Mas foste sempre tu que a criaste,
É o fruto da tua imaginação
Senão,
Quem te iria aclamar?
Eu? Não tenho voz…
Eu? Não tenho mãos…
Homem só, cobarde,
Inventas o castigo,
E fazes leis de imunidade,
Onde te escondes?
Eles pensam que é na solidão;
Eu, sinceramente, penso que não…

Jorge Braga
in “Plectro Inato”
lido por Ricardo Braga

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