sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O ÚLTIMO RELÂMPAGO



O ÚLTIMO RELÂMPAGO

- Adeus, adeus mundo de enganos.
E o maior enganador somos nós próprios…

Entontecido e cego, sempre à sorte,
Iludido por mitos e miragens,
Entregue ao meu destino, fiz viagens,
Num sonho lindo, sem pensar na Morte…

Do credo antigo a decifrar mensagens,
Embebecido com seu verbo forte,
Que à perfeição e ao belo dava o norte,
Gastei a juventude, sem paragens…

Acordo, de repente, velho e só,
Sem amor, sem ninguém ao pé de mim…
Num abandono dos que geram dó.

Em meu desânimo, ao sentir-me assim,
Abraço-me no chão e, ao dar-me ao pó,
Devagarinho, escrevo ainda: FIM!

Manoel do Marco

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