quinta-feira, 20 de junho de 2013

Quem de mim se avizinha, quem de mim neste canto


Quem de mim se avizinha, quem de mim neste canto
se abeira, quem me atordoa neste lugar de mim e de
ausência
se o tempo me falta para a preguiça
que eu quero, aqui, inteira?

Parte dos ombros, omoplatas, alguma parte de mim
por todo o corpo vai à solta, vai para onde não sei,
isso não tendo, de qualquer modo, importância.

Praça da Liberdade, rua Escura de desvios e latrinas
onde cada olhar vai para nenhum olhar,
claraboias em cima, ao meio de Santa Catarina,
rua de comércio e passeio, de casa do Nobre
e do Majestic;

pontes e névoas, vértebras doridas, o cansaço
estremece na cidade inteira, e adormeço
junto ao colo, em teu regaço, e vejo-te
e tu a mim encostada ao poente
e à memória de todos os encontros que,
verdadeiramente, nunca quis.

Helga Moreira
in: “Ao Porto” Colectânea de Poesia sobre o Porto
Adosinda Providencia Torgal
Madalena Torgal Ferreira
lido por Idiema

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