VIVA O AMOR!
O amor é o
AMOR. Assim como quem sente, assim como quem pensa, assim como a quem dói. Mas
o amor é consciente, tem consciência de si e de quem ama. O Amor é eloquente,
sabe dizer o que o intriga, o que lhe vai na alma. O amor é uma perturbação,
uma verdade fulgurante, é uma dádiva que não se sabe de quem nem de onde vem,
alimenta-se a si próprio de esperança e de projectos para o futuro.
O AMOR
trabalha com o tempo, com a distância, molda o que o cerca às suas necessidades
e ao bem-estar da pessoa amada. O Amor é uma orquestra muito bem afinada, só de
dois músicos apenas e, às vezes, de uma cidade inteira. Pode dissolver-se como
uma gota de água. Capaz de gerar uma revolução, pode morrer com uma gargalhada,
ou uma frase maldosa numa carta escrita.
O AMOR é
solidário, pode ser oferecido a muitos ao mesmo tempo, como nos hospitais ou
nas famílias numerosas. O Amor é rebelde, não se verga aos interesses do
dinheiro ou da política. O amor é revolucionário, desfaz todas as
conveniências, todos os preconceitos, vai direito ao fim que se propôs: a
felicidade.
O AMOR é a
alegria, um estado puro do contentamento, às vezes um silêncio na paisagem do
mar, uma praia deserta à luz das estrelas, uma voz de criança que começa a
pairar. O Amor é o sumo das palavras, a bandeira do Poeta, a reflexão do
cientista.
O AMOR
respira-se. Ouve-se para acabar com todas as guerras, com todas as tragédias,
com todas as raivas, só que há sempre um surdo, um infeliz por perto que não
ouve a voz do Amor, que se esqueceu do beijo de sua Mãe quando era bebé. O Amor
é transigente, esquece quem o ofendeu, quem o maltratou. O Amor convida os
idosos a serem jovens, incita-os a uma esperança renascida, sopra nas brasas
esquecidas e ateia os seus perenes fogos. O Amor dá asas aos pés, suavidade às
mãos que acariciam, delicadeza às palavras roucas, fraternidade aos
desamparados.
O AMOR
acontece nos animais porque o Amor é um instinto de sobrevivência. O Amor é
juvenil como juvenil é o casamento dos velhos. A idade do Amor é por excelência
a juventude. O Amor não tem conta bancária nem cartão de contribuinte. O Amor é
um estado de superação. O planeta Terra é feito de Amor. O Amor põe a nu as
maldades, é o contrário da hipocrisia, da inveja, do negócio. Tudo o que é
negociável não pertence ao Amor.
O AMOR é
viajar, descobrir cem países diferentes, falar com todos, dialogar sempre. O
Amor nunca poderia aprender-se na Universidade. O amor existe em todos nós ao
nascermos como uma condição da existência. A evolução técnica e científica
desenvolve-se à sombra do Amor. O Amor escreve-se!
Fernando
Morais
in
“Poetas da Rua”
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