quinta-feira, 23 de maio de 2013

OS MEUS OITO ANOS



OS MEUS OITO ANOS

Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida…
Da minha infância querida…
Que os anos não trazem mais…

Que amor, que sonhos, que flores…
Naquelas tardes fagueiras…
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!...
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;

O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,…
A vida – um hino d’amor!...

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria…
Naquele ingênuo folgar!...

O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia…
E a lua beijando o mar!...

Oh ! dias de minha infância!
Oh ! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!...

Em vez de mágoas de agora…
Eu tinha nessas delícias…
De minha mãe as carícias…
E beijos de minha irmã!...

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito
De camisa aberta ao peito
- Pés descalços, braços nus –

Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,…
Atrás das asas ligeiras…
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos……….
Ia colher as pitangas……..
Trepava a tirar as mangas…
Brincava à beira do mar……

Rezava às Ave-Marias,…
Achava o céu sempre lindo,…
Adormecia sorrindo…
E despertava a cantar!...

Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida…
Da minha infância querida…
Que os anos não trazem mais…

- Que amor, que sonhos, que flores,…
Naquelas tardes fagueiras…
À sombra das bananeiras……
Debaixo dos laranjais!

Casimiro de Abreu
lido por António D. Lima 

Sem comentários:

Enviar um comentário