quarta-feira, 24 de abril de 2013

SEGREDO


SEGREDO

Presa nos espinhos da rosa florida,
A fímbria do vestido, um fio esgaçou;
Assim em teus olhos, minha alma dorida,
Pela libertação em vão esperou…

O silêncio escuta o segredo
Que conto incessantemente,
Dum amor próximo e distante
Que fala verdade, mas mente…

Nesse dia, claro e escuro,
Em cinza, do amor, ficou o fogo
E ainda hoje ao céu eu rogo,
Que deixe abater o muro,
Que entre nós se levantou
E a morrer, (sem morrer) me levou…

Quem roubou, minha flor
Teu suave perfume?
Quem desfolhou tuas pétalas,
Que encheu de negrume?
As tuas asas, quem as cortou?
Minha avezinha, quem te pisou?

Terna saudade
Do meu jardim de afecto,
Quem despedaçou
As rancas dos abetos?

Em teus lábios, lenta, a vida se escoa…
Gélida palidez tua face cobre,
Por muito que o coração me doa,
No ar já ecoa, dos sinos o dobre…

in “De luz e de Sombra”
Irene Costa

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