Vem Mãe
Vem, mãe, e
fala-me de novo
Do mundo rosa que
talhaste a meus pés
Das árvores a
florir num país debruado de azul
Das aves a
esvoaçar sobre os telhados
Dos homens corando
nas palavras mais impuras
Do riso álacre das
crianças agarrando em suas mãos
O mundo redondo em
seu pleno devir…
Vem mãe e diz-me
que me enganei
Que o mundo é
mesmo o que me dizias
Quem em agrura as
bocas não se silenciam
Que ninguém vive
esfaimado de viver
Que nenhum meu
igual ergue agoniado aos céus
As suas duras mãos
vazias…
Vem mãe, e fala-me
baixinho
Do mundo que para
mim moldaste
Quero vê-lo com os
meus olhos rasgados
Pois vejo-o tão
plúmbeo, tão esbatido, tão sem matizado
Tão denso em seu
duro contraste
Que acho que não
foi este
Que tu sempre em
encanto me mostraste …
Acilda Almeida
in "Colectânea Galeria Vieira Portuense 2012"
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