Capa por Luís Pedro Viana
Prefácio por Fernanda Cardoso
Prefácio
“Obedecendo à “tirânica” simpatia dos meus amigos poetas e
“diseurs” das tertúlias de poesia da Galeria Vieira Portuense, cabe-me a
imerecida honra de apresentar a NOVA ANTOLOGIA DE 2012 de que farão parte os
mesmos e outros poetas.
É a segunda antologia, o segundo marco que recolhe e expande
as emoções, as vibrações da sua alma poética, em versos que, de géneros e
temáticas diferentes, exprimem e questionam problemas sociais, sensibilidades,
mensagens…
Como a Pintura, a Poesia enfileira também no ramo das
Belas-Artes e, natural é, portanto, que, em ambiente tal, a inspiração
desabroche com mais espontaneidade e mais vigor.
A expressão amorosa, a imagem verbal, a personalidade mais
forte, o mais ou menos analítico, a musicalidade, o lirismo, fazem de cada
poema um veículo de encantamento que ora aponta o amor pátrio, a liberdade, ora
o amor paixão, a poesia, as tradições e outros tantos valores.
Assim enaltecendo a
pátria e a língua, cita alguém Fernando Pessoa como tradutor máximo do
sentido patriótico expresso na célebre frase:
“A
minha pátria é a língua portuguesa”
Um outro poeta diz:
“Se
decretarem o fim da leitura dos Lusíadas, como obra literária do Ensino em
Portugal, que o façam depois de eu ser sepultado!”
E um outro escreve com graça:
“Hoje
Portugal deu-me uma prenda: Camões e Zeca Afonso”
Em plano de evidência,
o grito do Ipiranga – a Liberdade – vem como o primeiro mandamento:
“Sou
o cavalo à solta sem rédeas ou freio – sou o próprio símbolo da Liberdade”
E
mais: “Se democracia/Da rosa ou do cravo,/ Se “cracia” é do povo/”Demo”, não é
do diabo?”
O amor, nas suas
variadas vertentes, canta-se na sua medida do mais nobre sentimento humano:
“Que
levaste com a morte, querida mãe!”
E outro poeta:
“Vem,
mãe!/ E diz-me que me enganei,/ Que o mundo é mesmo o que me dizias”
Do amor paixão
“Com
as pausas, os silêncios e a força das palavras, a angústia, o desencanto… à
espera de quem, se ninguém vem!...”
“A
cidade – um ninho fácil de todos os pássaros inquietos – barcos que se movem ao
acaso por ventos desconhecidos, sem mastros e sem velas despojados”
E à maneira de
Florbela:
“…
Sei agora que vivi sempre dentro do pecado! E que, por ti, nasci já pecadora…”
Da poesia, conta
alguém:
“Meu
último gesto/ (Não parto sozinha) /Do poema sou resto/A última linha”
E, da vida angustiada dos nossos
pescadores:
“As
poveirinhas”
Vida
tão bem retratada com o encanto, a simplicidade e a inocência que a autora sabe
cantar tão bem…
“A
ajudarem o “home”,/A remendarem redes,/ A gritar:/ Nossa Senhora do Socorro!/Oh
Senhora da Guia, da Lapa, dos Aflitos!/ Senhora da Bonança!...”
Tradições e memórias
Pregões é o título de um belo poema de efeito empolgante
quando declamado pela voz maravilhosa da autora ou por outras com igual
privilégio de imitação.
O
poema ressuscita o velho Porto dos anos 60 com os seus hábitos e costumes. Nele
são lembradas: as peixeiras de então com o seu “peixe bibinho”, as padeiras,
servindo de porta em porta, o pão aos clientes, as vendedeiras de “merca
galinhas ou frangos?...”; as lavadeiras de grandes trouxas à cabeça, o
cauteleiro, o engraxador, o retratista, o homem dos esticadores dos colarinhos,
a vendedeira de melões e a moça das ervas de S. João de brejeiro pregão.
Finalmente, no jeito muito especial a que o Kim Berlusa nos
habituou com jogos de palavras, o poema: “As voltas que um texto dá” em que a
palavra “volta” aparece (sempre a prepósito) 17 vezes e que remata assim:
“E às voltas desse preceito/Que dá que falar/Eu, digo ao
próprio texto/ Que já não há volta a dar.”
Aqui, algumas nuances
dos temas tratados pelos nossos poetas: poemas mais ou menos vigorosos, mais ou
menos singelos, mais ou menos musicais.
Que
a leitura vos seja tão agradável quanto foi para mim.
Para
eles, poetas, o meu modesto apoio e as minhas felicitações.
Fernanda Cardoso
Porto, Dezembro 2012-12-04
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