quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CANTO O CORPO DA SOLIDARIEDADE

 
CANTO O CORPO DA SOLIDARIEDADE
 
Canto os olhos cansados de esperar
das tristes "Mães de Maio", da Argentina,
canto os olhos que teimam em sonhar
uma África sem «aves de rapina»
e os olhos que aprenderam a negar
a guerra nuclear e assassina !

Eu canto todo o peito que se estende
construindo o Futuro no planeta,
eu canto todo o peito que defende
a Paz e a Liberdade como meta,
e o peito que não verga, nem se vende
perante a ameaça da espoleta!

Canto as pernas das longas caminhadas
contra os ventos uivantes da opressão,
canto as pernas das marchas prolongadas
em êxodos enormes pelo pão,
e as pernas que, já velhas, já cansadas,
verticais se mantêm sobre o chão !

Canto as mãos da ajuda missionária
que não olha a fronteiras, credo ou cor,
canto as mãos da batalha necessária
contra todas as formas de terror,
canto as mãos da carícia solidária
que cobrem de ternura a própria dor!

Canto a seiva do corpo: a Liberdade !
Canto o sonho da Paz apetecida !
E ao cantar assim a humanidade
pelo globo em pedaços repartida,
canto o corpo da Solidariedade:
a única que dá sentido à Vida !
 
Fernando Peixoto
lido por Alzira Santos

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